Riscos quanto à limpeza dentária veterinária sem anestesia
13 de novembro de 2023 – Atualizado em 23/10/2024 – 11:41am
Posicionamento da Associação Brasileira de Odontologia Veterinária (ABOV)
As doenças orais (incluindo a doença periodontal) representam grande parte dos problemas de saúde que afetam cães e gatos no Brasil e no mundo. O exame completo da cavidade oral e tratamento adequado são parte importante dos cuidados de saúde, visando o bem estar animal e qualidade de vida.
A área mais importante que deve ser examinada e higienizada é o sulco gengival, e nos casos graves, as bolsas periodontais. Essa é a área que circunda o dente em todas as suas faces e que deve receber toda a atenção dos profissionais veterinários. A raspagem dentária pode ser realizada com ultrassom odontológico ou mesmo curetas e, por se tratar de materiais cortantes, deve ser realizada com todo o cuidado, até porque a raspagem subgengival pode causar incômodo.
Apesar do paciente humano permitir o trabalho do dentista sem uso de anestesia, o mesmo trabalho não pode ser realizado em animais sem que estes sejam submetidos à anestesia geral, acompanhados de um profissional anestesiologista veterinário.
Profissionais veterinários que oferecem tratamento odontológico sem anestesia normalmente exploram o temor dos responsáveis pela anestesia e os iludem com a falsa sensação de higiene e segurança, retardando a busca por um serviço especializado.
A anestesiologia veterinária moderna permite que os pacientes recebam o melhor atendimento. Exames pré-operatórios são pedidos para determinar as condições de cada paciente. Os anestesiologistas elaboram protocolos anestésicos personalizados para cada caso. Todo o procedimento é monitorizado em tempo real. Além de existir a possibilidade do uso de bloqueio anestésico regional (como fazem os dentistas humanos) para aumentar a analgesia e conforto para os pacientes pets durante a anestesia geral.
Riscos dos procedimentos odontológicos veterinários sem anestesia:
Somente remoção de tártaro visível não é eficiente: durante a raspagem dentária é importante remover a placa bacteriana e tártaro sobre a superfície dentária visível (supragengival) e a de baixo da gengiva (subgengival);
Não permitem a realização de exames odontológico completos, sondagem periodontal, exploração dentária ou radiografias;
Lesões por instrumentos afiados: a curetagem da superfície dentária é realizada por instrumental afiado que, além de poder machucar a gengiva e tecidos orais, pode deixar ranhuras sobre o esmalte, facilitando a aderência de nova placa bacteriana numa velocidade maior;
Desconforto, estresse e até trauma ao paciente: o animal deve estar imobilizado para a limpeza dentária e, na maioria dos casos, isso é desconfortável, estressante e doloroso, podendo gerar um trauma psicológico permanente, caracterizando certo nível de maus tratos;
Falsa sensação de segurança aos responsáveis: quem oferece esse tipo de tratamento normalmente explora o temor dos responsáveis pela anestesia e os iludem com a falsa sensação de higiene, retardando a busca por um serviço especializado.
É importante salientar que a opinião da ABOV tem base no posicionamento de entidades internacionais como a EVDC (European Veterinary Dental College), EVDS (European Veterinary Dental Society), BVDA (British Veterinary Association), FECAVA (Federation of European Companion Animal Veterinary Associations), AVDC (American Veterinary Dental College) e WSAVA (World Small Animal Veterinary Association), além do respaldo da ciência e da Medicina Veterinária baseada em evidências.
Fonte: Associação Brasileira de Odontologia Veterinária (ABOV)