Animais de Laboratório
11 de setembro de 2017 – Atualizado em 23/10/2024 – 11:38am
Organizado pela Comissão
Estadual de Bem-Estar Animal do CRMV-GO, sob a presidência da Méd. Vet.
Ekaterina Akimovna Botovchenco Rivera, que recebeu o título de Notório Saber,
em julho, da Universidade Federal de Goiás (UFG), foi realizado nos dias 1 e 2 de
setembro o Curso sobre Cuidados e Manejo de Animais de Experimentação, no
auditório do CRMV-GO. A professora Ekaterina é a primeira pessoa na história da
UFG a conquistar o título de Notório Saber.
O Curso sobre Cuidados e
Manejo de Animais de Experimentação retratou bem a dimensão do trabalho da
professora aposentada do Instituto de Ciências Biológicas (ICB) da UFG e que
preside a Comissão de Bem-Estar Animal do CRMV-GO (CEBEA). Os médicos veterinários e outros profissionais
presentes no evento puderam perceber a importância da ciência dos animais de
laboratório, uma área ainda nova e considerada polêmica por muitos segmentos da
sociedade por falta de conhecimento. A área infelizmente atrai poucos Médicos
Veterinários, como lamentou Rivera.
A legislação que regulamenta
o uso científico de animais no Brasil foi publicada em 2008, com a Lei 11.794. A
lei foi sancionada após 13 anos de debate parlamentar e ficou conhecida como
Lei Arouca, em homenagem a Antônio Sérgio Arouca, um importante médico sanitarista
e político brasileiro falecido em 2003 antes de presenciar a aprovação da lei e
sua devida regulamentação, o que aconteceu pelo decreto 6.899, de 15 de julho de
2009.
Hoje, cerca de 60% dos
animais usados em pesquisa são ratos e camundongos e 22% são aves. Esses
animais são importantes fontes de estudos e pesquisas para o desenvolvimento de
vacinas, como a recente vacina contra dengue lançada pela Fundação Oswaldo Cruz
(Fiocruz), e novas descobertas para cura ou controle de doenças na medicina e
medicina veterinária.
O curso no CRMV-GO abordou
temas importantes como: legislação, tipos de biotério e ambiência para animais
de laboratório, status sanitário, e-status genético dos animais, medicina
preventiva e doenças, dor e estresse, analgesia e anestesia, vias de
administração e coleta, biossegurança, pontos finais humanitários e eutanásia.
Para a presidente da CEBEA,
é preciso que o médico veterinário que trabalha na área da ciência de animais
de laboratório faça uso ético dos seres vivos usados em pesquisas sempre
pesando os benefícios desse trabalho para a sociedade evitando causar efeitos
adversos para os animais. A meta da Ciência de Animais de Laboratório é ajudar os
pesquisadores a realizar pesquisas biomédicas e agrárias sempre pensando no
bem-estar dos animais e na obtenção de dados científicos confiáveis, o que se
traduz em uma melhor qualidade de vida para os homens e os animais. As
diretrizes para o uso de animais de laboratório são norteadas pelo Conselho Nacional de Controle de Experimentação
Animal (CONCEA) e todos os projetos que envolvem
animais precisam ser aprovados por uma Comissão de Ética no Uso de Animais.
Enfatiza-se que devem constar nestes projetos informações sobre o médico
veterinário responsável técnico devidamente registrado no CRMV de seu Estado.
Conforme o Manual de Responsabilidade Técnica do CRMV-GO, o
RT deve ser responsável pela criação, saúde e bem-estar dos animais tanto de
produção quando de experimentação. Ele deve também prestar atendimento e
serviços específicos da medicina Veterinária como diagnóstico, tratamento e
controle de doenças, patologia e reprodução para animais de laboratório,
desenvolver ações de medicina veterinária preventiva e orientar quando à
aquisição, transporte e quarentena dos animais.
O profissional que deseja atuar com animais de laboratório
deve conhecer a biologia e a etologia da espécie animal com o qual ele vai
trabalhar para evitar o manejo inadequado que pode gerar maus tratos por falta
de informação. Sabe-se que o conhecimento obtido apenas na graduação em
Medicina Veterinária não é suficiente para atuar com determinadas espécies, que
possuem necessidades específicas, segundo Ekaterina. Camundongos, por exemplo,
são diferentes de ratos, de hamsters e de outros roedores, portanto conhecer a
fundo a biologia do animal significa aproveitar melhor todos os dados que a
pesquisa pode oferecer e garantir o bem-estar dos animais. Atualmente é
possível fazer pesquisa sem causar dor e sofrimento aos animais, pois todos os
projetos seguem rigorosos princípios éticos que regem o uso de animais em
pesquisa, ensino e testes, como explicou a presidente da CEBEA.
Anote
Congresso Internacional da Ciência de Animais de Laboratório
Data: 17 a 20 de junho de 2018
Local: Centro de Eventos da UFG, em Goiânia
Informações: www.sbcal.org.br e (62) 3241-3939.