O
abandono de animais é uma prática cada vez mais frequente no Brasil. Em época
de férias, como agora, o problema aumenta já que as pessoas acabam comprando um
animal por impulso para presentear um membro da família, entretanto, o presente
nem sempre é bem-vindo ou viável para aquela residência. Médicos-veterinários
relatam que vários tutores abandonam seus pets em clínicas veterinárias e
hotéis para cachorros, especialmente nesta época de festas. Para alertar a
sociedade sobre a triste situação do abandono de animais, várias instituições,
entre elas o CRMV-GO, promovem a campanha Dezembro
Verde.
A
secretária-geral do CRMV-GO, Méd. Vet. Ingrid Bueno Atayde Machado, explica os
pilares da Posse Responsável de Animais,
um conjunto de atitudes que ajudam a cuidar melhor do seu animal de estimação e
evitar o abandono.
1 – Um novo membro para sua família – Criar
um animal de estimação é uma atitude que envolve toda a família, mudando seus
hábitos e o seu dia a dia. É fundamental ter consciência de que o animal vai
gerar custos com alimentação e serviços veterinários, por exemplo, e que vai
viver, em média, 12 anos. Para isso, a família precisa de espaço e tempo para
cuidar do novo morador. Não é raro que cães pequenos vivam por mais de 15 anos, e, com a
idade, doenças como câncer, problemas articulares e de coluna podem ocorrer,
resultando em cirurgias ou tratamentos paliativos de alto custo.
2 – Adote – As pessoas podem adotar animais
procurando os pets em abrigos públicos ou privados, ajudando os bichinhos que
foram abandonados. Ao adotar um animal adulto já se sabe exatamente seu porte e
temperamento, diminuindo o risco de surpresas com filhotes de procedência
duvidosa.
3 – Conheça melhor o seu animal – É muito
importante conhecer as características do animal que pretende criar, de acordo
com o seu porte e temperamento. É natural que se espere atitudes semelhantes as
dos seres humanos. No entanto, é necessário respeitar as diferenças e oferecer
os cuidados necessários para que ele possa se desenvolver. É
importante conhecer a raça, hábitos e temperamento antes de levar para casa,
avaliando se combina com o estilo de vida da família. O ideal é uma consulta
com o médico veterinário para orientar na escolha do animal e raça ideais.
3 – Passeios – Sempre que for passear com o
seu animal, leve um saquinho para recolher suas fezes. Além de ser um exercício
de cidadania e preservação do meio ambiente, é obrigatório por lei. Para
segurança de todos e do seu animal, não se esqueça de colocar coleira e guia.
4 – Identifique o seu animal – Existem
várias formas de identificar o animal e facilitar sua localização quando
perdido. O implante de microchip é uma delas. Procure informações sobre o
microchip em qualquer clínica veterinária da cidade. O seu bichinho também pode
ter um RGA – Registro Geral do Animal, que possui um número de identificação,
informações sobre o animal e o seu dono. Esse número deve ser colocado na
coleira do animal. Uma outra alternativa é colocar na coleira os dados básicos
como nome e telefone.
5 – Esterilização – A esterilização
(castração) é uma das alternativas para se evitar as crias indesejáveis e
animais soltos pelas ruas. Além de não prejudicar o animal, ela evita maus
tratos e o abandono. Machos castrados evitam brigas por disputa
territorial, demarcação com urina em
todos os lugares da casa, previve tumores de próstata e evita que fujam de casa
atrás de fêmeas no cio. Já a castração nas fêmeas evita infecção uterina,
diminui as chances de desenvolver tumores, evita a gravidez indesejada, o
abandono de crias e os incômodos do cio.
6 – Cuidados importantes – A alimentação
adequada e higienização do animal são de responsabilidade do próprio dono,
assim como o ambiente em que ele vive. É importante também que ele tenha um
espaço físico adequado à sua raça e tamanho.
7 – Proteja seu bichinho – As vacinações e
o controle de ecto e endoparasitas (carrapatos, pulgas, vermes etc) são
fundamentais para deixarem os animais prevenidos contra diversas doenças.
Lembre-se de problemas graves de saúde pública no Brasil como a Leishmaniose,
zoonose endêmica no território goiano, que afeta especialmente os cães. As
zoonoses são doenças transmitidas dos animais ao homem, portanto, fique atento!
Semestralmente, procure um médico-veterinário para avaliar a saúde do seu
animal e lhe orientar sobre os procedimentos e a melhor forma de prevenir ou
tratar as doenças.
8 – Cuide dele com carinho – O
comportamento dos animais reflete a forma como são cuidados. Se for criado num
ambiente com amor, carinho e responsabilidade, ele vai corresponder da mesma
forma. Além disso, o dono precisa ter consciência de que o seu animal não vive
isolado e que passeios e contatos com outros animais farão muito bem a ele.
Observe sempre o comportamento do seu animal e quando notar algo diferente,
procure um médico-veterinário imediatamente.
8 – Educação e adestramento – Além de fofos
e saudáveis, todo dono sonha em ter um animal de estimação bem educado em casa.
O adestramento profissional pode ser uma alternativa, mas com paciência você
também pode treiná-lo em casa. Uma das técnicas recomendadas é a do reforço
positivo, onde os animais aprendem por repetição, estímulos positivos e
recompensa, valorizando as atitudes corretas e evitando maus tratos. Informe-se
também com seu médico-veterinário sobre o assunto.
Maltratar animais é
crime. Proteja o seu bichinho!
Lei 9.605/98