Animais peçonhentos no verão
26 de novembro de 2018 – Atualizado em 23/10/2024 – 11:39am
Acidentes por animais peçonhentos aumentam 40% no verãoMais uma criança foi vítima fatal após ser picada por um escorpião no último domingo, dia 25 novembro, no interior de São Paulo.
Nos meses de verão (dezembro a março) há um aumento no número
de acidentes por animais peçonhentos em relação aos demais meses do ano: cerca
de 40% dos acidentes são registrados nessa época. As estratégias de atuação
junto às populações expostas aos riscos de acidentes devem incluir noções de
prevenção e medidas de atuação frente à ocorrência de acidentes.
A Médica Veterinária Veruska Castilho, membro da Comissão de
Saúde Pública do Conselho Regional de Medicina Veterinária de Goiás (CRMV-GO) e
gerente de Vigilância Sanitária de Serviços de Saúde, do Centro de Informações
Toxicológicas de Goiás (CIT-GO), aproveita o período para divulgar as
recomendações da Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde.
As recomendações são:
Principais cuidados a serem tomados para evitar acidentes com
animais peçonhentos terrestres
– Em locais ou situações de risco para acidentes por animais peçonhentos
(ex: florestas, matas, trilhas, áreas com acúmulo de lixos, atividades de
lazer, de limpeza, serviços de jardinagem, entre outros), utilize sempre
equipamentos de proteção individual (EPI).
– Caso o risco seja de contato com serpentes, use minimamente: luvas de
couro, botas de cano alto e perneira.
– Caso o risco seja de contato com aracnídeos (escorpiões e aranhas) e outros
insetos, use minimamente: sapatos fechados e luvas grossas.
– Olhe sempre com atenção o local de trabalho e os caminhos a
percorrer.
– Não coloque as mãos em tocas ou buracos na terra, ocos de
árvores, cupinzeiros, entre espaços situados em montes de lenha ou entre
pedras. Caso seja necessário mexer nestes locais, é sugerido o uso de um pedaço
de madeira, enxada etc.
– Não mexa em colmeias ou vespeiros. Caso esses estejam em
áreas de risco de acidente, contate a autoridade local competente para a
remoção.
– Inspecione roupas, calçados, toalhas de banho e de rosto,
roupas de cama, panos de chão e tapetes, antes de usá-los.
– Afaste camas e berços das paredes e evite pendurar roupas
fora dos armários.
– Não deixe que lençóis ou cobertores sobre as camas e berços
encostem no chão. Escorpião e aranhas podem utilizá-los como apoio para subir e
se abrigar entre esses tecidos e travesseiros.
– Case encontre um animal peçonhento, afaste-se com cuidado e
evite assustá-lo ou tocá-lo, mesmo que pareça morto, e procure a autoridade de
saúde local para orientações.
Principais cuidados a serem tomados para evitar acidentes por
animais aquáticos peçonhentos
– Em locais rochosos ou com pedras soltas, caminhe sempre com
os pés protegidos por calçado firme, de solado antiderrapante (tênis ou
sapatilha).
– Fique longe das áreas com grandes populações de
ouriços-do-mar.
– Evite colocar as mãos desprotegidas em tocas ou sob rochas.
– Evite banhos em praias onde acontecem acidentes recentes por
águas vivas e caravelas.
– Em rios e lagos, atenção com risco de ferimentos por arraias,
bagres ou quaisquer outros animais aquáticos perigosos conhecidos na região. Em
áreas de reconhecida ocorrência de arraias, caso seja indispensável andar
dentro da água, tatear o caminho com um pedaço de madeira e arrastar os pés no
chão, cuidadosamente, ao caminhar.
– Em atividades de pesca, manuseie cuidadosamente os peixes
durante sua retirada do anzol ou rede.
Principais recomendações em caso de acidentes por animais
peçonhentos
– Procure atendimento médico imediatamente.
– Se possível, e caso tal ação não atrase a ida do paciente ao
atendimento médico, lave o local da picada com água e sabão (exceto em
acidentes por águas-vivas ou caravelas), mantenha a vítima em repouso e com o
membro acometido elevado até a chegada ao pronto-socorro.
– Em acidentes nas extremidades do corpo, como braços, mãos,
pernas e pés, retire acessórios que possam levar à piora do quadro clínico,
como: anéis, fitas amarradas e calçados apertados.
– Não amarre (=torniquete) o membro acometido e, muito menos,
corte e/ou aplique qualquer tipo de substância (pó de café, álcool, entre
outros) no local da picada.
– Não ingira ou ofereça bebida alcoólica ao acidentado.
– Especificamente em casos de acidentes com águas-vivas e
caravelas, primeiramente para alívio da dor inicial, use compressas geladas de
água do mar (ou pacotes fechados de gelo “cold packs” envoltos em
panos, se disponível). Em seguida, realize a lavagem do local da lesão com
ácido acético a 5% (Ex. vinagre), sem esfregar a região acometida, para evitar
o aumento do envenenamento. É importante que não seja utilizada água doce para
lavagem do local da lesão, nem para aplicação das compressas geladas, pois a
água doce pode piorar o quadro de envenenamento.
– A remoção dos tentáculos aderidos à pele deve ser realizada
de forma cuidadosa, preferencialmente com uso de pinça ou lâmina. Procure
assistência médica para avaliação clínica do envenenamento e, se necessário,
realização de tratamento complementar.
– Não tente “sugar com a boca” o veneno, essa ação apenas
aumenta as chances de infecção no local.
– Informe ao profissional de saúde o máximo possível de
características do animal causador do acidente, como: tipo de animal, tamanho,
entre outras coisas.
Os gestores públicos de saúde devem avaliar o estoque
estratégico de antivenenos de áreas de risco para acidentes por animais
peçonhentos, a fim de se planejar ações para prevenção de casos junto à
população e garantir suporte soroterápico frente à necessidade de atendimento
emergencial. Todo acidente por animal peçonhento deve ser notificado no Sistema
de Informações de Agravos de Notificação (Sinan).CLIQUE AQUI E VEJA O MATERIAL DO MINISTÉRIO DA SAÚDE
– Maiores informações: Disque Saúde 136.
– Mais informações com a Méd. Vet. Veruska Castilho
pelo (62) 3287-2778 ou 3241-2851.