Profissionais de Goiás são destaque em Premiação do CFMV
20 de dezembro de 2023 – Atualizado em 23/10/2024 – 11:41am
Na última sexta-feira (15), ocorreu, no Senado Federal, a solenidade em comemoração aos 90 anos da regulamentação da Medicina Veterinária, 55 anos da criação dos conselhos federal e regionais de Medicina Veterinária e a posse da médica-veterinária Ana Elisa Fernandes Almeida, primeira mulher a presidir o Conselho Federal de Medicina Veterinária.
Na ocasião, também foram realizadas duas edições das premiações mais tradicionais do CFMV, com destaque para o Prêmio Professor Paulo Dacorso Filho, voltado aos médicos-veterinários que contribuíram para o desenvolvimento da profissão e da pecuária no país; e o Prêmio Professor Octávio Domingues, voltado aos zootecnistas que contribuíram para o desenvolvimento agropecuário do Brasil.
As áreas da Medicina Veterinária e Zootecnia do Estado de Goiás foram, além de representadas, também reconhecidas e homenageadas na premiação por meio dos profissionais: Méd. Vet. Ekaterina Akmovna Botovchenco Rivera, vencedora do Prêmio Professor Paulo Dacorso Filho 2023; Zootecnista Antelmo Teixeira Alves e Zootecnista Aldi França, vencedores do Prêmio Professor Octávio Domingues 2022 e 2023, respectivamente.
O Conselho Regional de Medicina Veterinaria do Estado de Goiás (CRMV-GO) presta sinceras congratulações aos profissionais homenageados, bem como reconhece a importância da pesquisa, do desenvolvimento científico, do trabalho e da perseverança de todos os profissionais que atuam arduamente pelo crescimento contínuo da Medicina Veterinária e Zootecnia no Brasil.
Vencedores representando o Estado de Goiás
Ekaterina Akmovna Botovchenco Rivera – Prêmio Paulo Dacorso Filho 2023
Compartilhando conhecimento e colecionando conquistas em prol da Ciência de Animais de Laboratório.
A carreira da médica-veterinária coleciona vitórias importantes, como a aprovação da Lei nº 11.794/2008, que regulamenta o uso de animais em pesquisa e ensino, e a criação de Comissões de Ética no Uso de Animais no Brasil. Ela participou também da elaboração do Decreto nº 6.899/2019, que regulamenta essa legislação.
Formada pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), atuou durante oito anos na Nicarágua. Ao retornar, trabalhou em clínica de pequenos animais, tendo posteriormente ingressado na Universidade Federal de Goiás (UFG) como médica-veterinária na área da Ciência de Animais de Laboratório (CAL).
Apaixonada pela nova experiência que surgia, fez mestrado e doutorado na Universidade de Londres. De volta ao Brasil, sugeriu ao presidente do Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV) a criação de uma Comissão de Ética e Bem-Estar Animal, tendo sido prontamente atendida. Na autarquia, participou da elaboração da primeira resolução do CFMV sobre eutanásia e da atualização do Código de Ética do Médico-Veterinário.
Em 2020, foi a primeira profissional não nascida nos Estados Unidos a receber o Prêmio Charles River, reconhecimento internacional concedido anualmente ao trabalho e à contribuição de médicos-veterinários à Medicina e à Ciência em Animais de Laboratório.
Ela também recebeu o título de Doutora Notório Saber, conferido pela UFG, onde foi coordenadora do Biotério Central e continua como pesquisadora voluntária. Em 2019, recebeu o título de Pesquisadora Emérita CNPq.
Neste ano, obteve mais uma conquista: o Prêmio Dra. Elinor Fontes, do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Rio Grande do Sul e da UFRGS; e recebeu menção honrosa no 1º Congresso Brasileiro de Métodos Alternativos, por suas iniciativas na ciência de animais usados em pesquisa.
Ekaterina é também membro titular do Conselho Nacional de Controle de Experimentação Animal (Concea), no qual foi coordenadora, entre 2020 e 2022; é integrante do grupo de consultores ad hoc em bem-estar de animais de laboratório da Organização Mundial da Saúde Animal (OMSA); e membro ad hoc do AAALAC-International, sigla para Association for Assessment and Accreditation of Laboratory Animal Care International. Trata-se de uma organização privada sem fins lucrativos que promove o tratamento humanitário de animais na ciência por meio de acreditação voluntária e programas de avaliação.
Por tudo isso, e, claro, pela sua dedicação e responsabilidade com a saúde animal, chegou a vez de obter o reconhecimento do CFMV, por meio do Prêmio Professor Paulo Dacorso Filho 2023.
Antelmo Teixeira Alves – Prêmio Professor Octávio Domingues 2022
Compartilhar conhecimento: motivação de vida.
Compartilhar os conhecimentos da Zootecnia com os produtores rurais e outros profissionais, é o que tem motivado a vida profissional do zootecnista Antelmo Teixeira Alves, que atua como extensionista.
Formado pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e, há 35 anos, inscrito no Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado de Goiás (CRMV-GO), Alves é diretor de assistência técnica e extensão rural na Agência Goiana de Assistência Técnica, Extensão Rural e Pesquisa Agropecuária.
Com um expressivo envolvimento político em prol da valorização da Zootecnia brasileira, em especial a do estado no qual se radicou, Alves já foi presidente da Associação de Zootecnistas de Goiás, participou ativamente de discussões pela melhoria e abertura de vagas em concursos em instituições públicas, além de incentivar estudantes a buscarem sempre pela capacitação profissional.
Tamanho ativismo levou o zootecnista a ocupar cargos no CRMV-GO, no qual Alves foi conselheiro suplente e, na gestão 2020-2023, exerceu o papel de conselheiro efetivo. Atualmente, é vice-presidente do conselho regional para o triênio 2023-2026.
A trajetória que Alves vem trilhando ao longo desses anos só poderia culminar na indicação, pelo regional de Goiás, ao Prêmio Professor Octávio Domingues, do Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV).
Para o zootecnista homenageado, a premiação é um reconhecimento dos resultados de uma trajetória, além de estímulo para inspirar outras pessoas a seguirem carreira na Zootecnia.
“Receber esse prêmio é a certeza de que sempre estive no caminho certo e de que tudo vale a pena quando acreditamos e investimos sem esperar reciprocidade”, celebra Alves.
Aldi França – Prêmio Professor Octávio Domingues 2023
Um ex-aluno que fez jus ao legado do professor.
Quando ainda ocupava os bancos da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), na primeira turma do recém-criado curso de Zootecnia, Aldi França nem imaginava um dia receber o prêmio que levaria o nome de seu professor Octávio Domingues, idealizador e incentivador da criação do curso na UFRRJ.
O zootecnista mirou-se no exemplo de seu professor, trilhou os mesmos passos e dedicou parte dos seus 49 anos de carreira à docência, contribuindo para a formação das futuras gerações de zootecnistas.
Ainda na fase pré-vestibular, o jovem se dividia entre o emprego de atendente de portaria, no hospital do antigo Instituto de Pesquisas Agropecuárias do Centro Sul (Ipeacs), e as aulas de Ciências e Técnicas Agrícolas, que ministrava duas vezes por semana, no período noturno, no município de Mesquita (RJ), região da Baixada Fluminense, para complementar a renda e ajudar no orçamento familiar.
Foram duas as paixões de França: a carreira acadêmica e a vida de pesquisador. Ainda na graduação, o então estudante de Zootecnia vislumbrou, na recém-criada Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), a oportunidade de trabalhar como auxiliar de laboratório. Ele era responsável pelos cuidados e pela preparação de coelhos e hamsters destinados à pesquisa.
Logo após a conclusão do curso, foi aprovado no concurso público para pesquisador agropecuário da extinta Empresa Goiana de Pesquisas Agropecuárias (Emgopa). Mas como a sala de aula sempre foi o lugar desse capixaba, em 1976, foi aprovado em novo concurso, desta vez, para a vaga de auxiliar de ensino, na Escola de Agronomia e Veterinária (EAV) da Universidade Federal de Goiás (UFG).
França percorreu muitos os caminhos para ascender à carreira acadêmica. Desde o mestrado, na Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp, campus Jaboticabal), passando pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/USP), chegando a professor assistente da UFG, instituição na qual se aposentou como professor titular, em 1992.
Porém, o amor por lecionar falou mais alto e o zootecnista tornou-se professor visitante da mesma instituição, na qual prestou novo concurso para professor titular, em 1994, permanecendo no cargo até 2015. Foi quando, aos 70 anos, com a aposentadoria compulsória, que França ingressou no Programa Voluntário da UFG, no qual deu continuidade às atividades no Programa de Pós-Graduação em Zootecnia da Escola de Veterinária e Zootecnia da UFG, contando, atualmente, com quatro orientandos de doutorado.
Ao olhar em retrospectiva, o homenageado, negro e de origem humilde, lembra que valeu a pena não ter dado ouvidos à ordem do diretor da Ipeacs, que lhe falou para escolher entre estudar ou trabalhar, uma vez que “trabalhar já estava de bom tamanho para alguém como ele”.
“Ministrar aulas, desenvolver pesquisa e extensão, de forma a contribuir com a sociedade tanto na formação de novos alunos quanto na difusão de conhecimentos gerados dentro da universidade foi minha meta profissional, e considero que a cumpri bem”, orgulha-se, e complementa:
“Se a premiação pode ser considerada o marco de uma carreira profissional, nos deixa também uma grande responsabilidade, a de continuar trabalhando para o engrandecimento da Zootecnia”.
Fonte: CFMV.