1º Seminário Medicina Veterinária do Coletivo debate a consolidação da Saúde Única
9 de maio de 2022 – Atualizado em 23/10/2024 – 11:40am
1º Seminário Medicina Veterinária do Coletivo propõe novas formas de atuação para a consolidação da Saúde Única
O 1º Seminário Medicina Veterinária do Coletivo, realizado pelo CRMV-GO, na sede do Conselho, em Goiânia, atraiu estudantes e profissionais da área de saúde interessados em medicina preventiva, saúde pública, controle de zoonoses, comportamento, bem-estar e manejo populacional de animais.
O público assistiu com atenção a palestra do Presidente do CRMV-GO, médico-veterinário Rafael Costa Vieira, sobre a atuação do Conselho na análise dos projetos de controle populacional. Rafael explicou que o crescimento de populações animais é uma realidade dos municípios de pequeno, médio e grande porte. Porém, as péssimas condições em que se encontra grande parte destas populações, em especial aquelas abandonadas nas ruas, têm estimulado ações de organizações da sociedade civil, de ativistas autônomos e do setor público em relação ao controle populacional, por meio da castração.
Nesse sentido, a resolução do CFMV n° 962 normatiza os procedimentos de Contracepção de Cães e Gatos em Programas de Educação em Saúde, Guarda Responsável e Esterilização Cirúrgica com a Finalidade de Controle Populacional, sendo de competência dos conselhos regionais a aprovação dos projetos para a realização de tais ações. “ Vocês devem estar cientes de que os programas com a finalidade de controle populacional devem ter por base a educação em saúde e guarda responsável e não apenas o fluxo de esterilizações. De setembro de 2020 até agora o CRMV-GO recebeu apenas 20 solicitações e muitos projetos recorrem em erros como não citar a realização de exames pré-operatórios, não oferecer a estrutura física adequada, não possuir ART e registro e não se preocupar com a triagem antes das castrações. Assim o Conselho leva mais tempo analisando os projetos, que com frequência são indeferidos, e o caminho para acelerar o processo é planejar as ações, sempre atento a legislação, orientação técnica e com foco em bem-estar único”, alertou Rafael Vieira.
A médica-veterinária, Dra. Andrea Leão Gil, esclareceu sobre o papel do abrigo dentro da medicina veterinária do coletivo e os desafios do médico-veterinário na gestão desses espaços incluindo aspectos sanitários. “ Os abrigos são parte de um programa de manejo populacional de cães e gatos e uma das estratégias é quanto melhor o MPCG menor será a necessidade do abrigo, impactando na saúde do espaço. E cabe ao médico-veterinário participar dos conselhos de meio ambiente, promover campanhas de educação e sobre guarda responsável e promover educação continuada”, reforça Andreia Gil. O crime de maus-tratos e sua correlação com outros crimes também foi tema do debate ministrado pela delegada Simelli Lemes de Santana.
Com o tema “ Acumuladores de animais: abordagem Psico-sócio-emocinal, a Vice-Presidente do CRMV-GO, médica-veterinária, Dra° Ingrid Bueno Atayde Manchado explicou os fatores emocionais e transtornos psíquicos que levam a acumulação de animais. “Hoarding ou acumulação de animais leva uma pessoa a ter cada vez animais em sua casa, e faz de tudo para mantê-los, como por exemplo, se alguém deixa um animal em sua porta, gerando um problema multifatorial e interdisciplinar de saúde pública, pois não tem os padrões mínimos de cuidados e o ambiente fica insalubre”, explica a especialista.
Considerando que no Brasil são raras, ou inexistentes, as agências oficiais destinadas a garantir o bem-estar dos animais, esta demanda acaba recaindo sobre os órgãos de controle de zoonoses, geralmente ligados ao Sistema Único de Saúde. Dra. Ingrid apresentou a Teoria do Elo, estudo científico que conecta os maus-tratos aos animais e a violência interpessoal. “É muito importante que todos os órgãos públicos trabalhem de forma integrada e consciente da relação entre as formas de violência, ou seja, de que quando um tipo de violência é prevenido, os outros também são. O Médico-veterinário é fundamental nesse processo como um ator que identifica essas violências e faz a comunicação entre os órgãos, auxiliando na quebra do ciclo”, explica a doutora.