Esporotricose Felina: O que é e como é transmitida?
21 de julho de 2023 – Atualizado em 23/10/2024 – 11:41am
A esporotricose é uma micose subcutânea de caráter zoonótico que acomete animais e humanos, causada pelo S. brasilliensis, nova espécie de fungo pertencente ao gênero Sporothrix spp., porém mais virulento e mais patogênico que as demais.
Essa doença causa feridas que podem atingir várias camadas do corpo progressivamente. Isso quer dizer que uma lesão na epiderme (primeira camada da pele) pode chegar até os ossos, dependendo da gravidade.
Transmissão
O gato doméstico ganha destaque na transmissão zoonótica da esporotricose devido à elevada carga fúngica nas lesões cutâneas, à presença do fungo nas garras e cavidade oral, e à maior exposição a Sporothrix spp..
Dessa forma, os bichanos são os principais animais afetados pela doença e podem transmiti-la para os seres humanos, por meio de arranhões, mordidas e contato direto da pele lesionada.
Apesar da maior incidência de casos em felinos, cães, roedores e outros animais também podem ser vetores.
Os fungos que causam essa zoonose costumam estar presentes no solo e na natureza, como em vegetais, palhas e madeiras. Além disso, são transmitidos por meio do contato de alguma ferida aberta com materiais contaminados, como farpas ou espinhos.
Sinais clínicos
Em gatos:
Lesões cutâneas na região da cabeça, extremidades dos membros e cauda;
Feridas profundas na pele, geralmente com pus, que podem se apresentar como nódulos e úlceras, com evolução rápida;
Espirros frequentes;
Algumas lesões podem formar crostas, ou exibir áreas de necrose com exposição do tecido osteomuscular.
Em humanos:
Lesões na pele, que começam com um pequeno caroço vermelho e podem virar feridas. Geralmente aparecem nos braços, nas pernas ou no rosto, às vezes formando uma fileira de carocinhos ou feridas.
Em caso de lesão extracutânea (acometimento de órgãos internos), podem surgir sintomas semelhantes à tuberculose, como tosse, falta de ar, dor ao respirar e febre;
Também pode afetar os ossos e articulações, manifestando-se com inchaço e dor aos movimentos, bastante semelhante aos de uma artrite infecciosa.
Diagnóstico e tratamento
A doença não é considerada grave e tem cura, tanto em humanos quanto nos animais acometidos.
Após avaliação clínica, orientação e acompanhamento médico e veterinário, o tratamento deve ser iniciado rapidamente e sua duração pode variar de três a seis meses, até a cura completa, não podendo ser abandonado.
Os humanos suspeitos devem procurar a unidade de saúde mais próxima e relatar sobre o contato com animal suspeito, se houver. Para os animais suspeitos é fundamental orientar quanto ao isolamento, realização do diagnóstico e, se for o caso, iniciar o tratamento imediato do animal.
O tratamento tem início com o reconhecimento das lesões e se complementa com base em dados clínicos e laboratoriais, como com cultura micológica.
No gato, o diagnóstico e tratamento são realizados por um médico-veterinário. O diagnóstico pode ser realizado por meio de citologia, uma vez que o gato alberga grande quantidade de fungo nas lesões, o que facilita a visualização do agente em lâminas coradas e examinadas ao microscópio ótico.
É importante que seja iniciado o mais precocemente possível, considerando o caráter invasivo deste agente e a possibilidade de causar doença sistêmica, principalmente em gatos. As medidas preventivas são fundamentais, pois o animal tratado pode se reinfectar.
É possível realizar o controle da doença com prevenção e o manejo correto de populações animais, em especial os gatos, as principais vítimas, sendo a espécie mais vulnerável e a principal fonte de infecção da esporotricose zoonótica para outros animais e humanos. Por este motivo, o isolamento e tratamento adequado dos animais suspeitos são imprescindíveis e é fundamental a participação da classe Médica-Veterinária.
Os casos suspeitos, em humanos e animais, devem ser comunicados ao serviço público de saúde do município. Como a doença não é de notificação compulsória no Brasil, não há fluxos disponíveis para sua vigilância em nível nacional. Cada estado tem proposto fluxos e protocolos próprios. A notificação possibilitará a investigação epidemiológica, a implantação de medidas preventivas e de controle e o real conhecimento da dimensão da doença nos territórios.
O CRMV-GO ressalta que a esporotricose felina é tratável, desde que sob supervisão clínica de um médico-veterinário. Não abandone ou maltrate gatos e demais animais doentes ou com suspeitas da doença. Além disso, caso tenha gatos, restrinja o acesso dos bichanos à rua.
Fonte: CFMV, Portal Fiocruz e Biblioteca Virtual em Saúde.