Leishmaniose Visceral: O que você precisa saber
11 de agosto de 2023 – Atualizado em 23/10/2024 – 11:41am
O que é
A Leishmaniose Visceral, que também é conhecida como calazar, é uma zoonose – doença que atinge os animais e os humanos – de evolução crônica, com acometimento sistêmico e, se não tratada, pode levar a óbito até 90% dos casos.
Durante o mês de agosto, há a Semana Nacional de Controle e Combate à Leishmaniose, instituída pela Lei nº 12.604/2012, que tem o objetivo de incentivar ações educativas e preventivas, promover debates e outros eventos sobre as políticas públicas de vigilância e controle da leishmaniose, apoiar as atividades organizadas e desenvolvidas pela sociedade civil e difundir os avanços técnico-científicos relacionados à prevenção e ao combate da doença.
Pensando nisso, confira o material acerca da Leishmaniose Visceral, desenvolvido, em 2023, pela Comissão de Saúde Única do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado de Goiás (CRMV-GO).
Transmissão
É transmitida aos cães e seres humanos pela picada de fêmeas do inseto vetor infectado, denominado flebotomíneo, conhecido popularmente como mosquito-palha, asa-dura, tatuquiras, birigui, dentre outros. No Brasil, a principal espécie responsável pela transmissão é a Lutzomyia longipalpis.
O mosquito é da família das moscas, mas pequeno como uma pulga. Esse inseto se desenvolve em locais úmidos e ricos em matéria orgânica em decomposição, como folhas, frutos, lixo orgânico e fezes de animais.
O cão é a principal fonte de infecção para o agente transmissor e, para que a doença ocorra em humanos, o inseto deve picar um cão infectado pelo parasita e depois picar uma pessoa saudável. Depois de picado pelo mosquito, o cãozinho se torna um reservatório do protozoário Leishmania.
Vale ressaltar que a doença não é transmitida por contato direto entre cães e humanos.
Sinais clínicos em cães:
Enfraquecimento do pelo;
Ferida no focinho, orelhas e região dos olhos;
Apatia;
Crescimento anormal das unhas;
Perda de peso, emagrecimento progressivo e anorexia;
Aumento do volume abdominal;
Paralisia dos membros.
A leishmaniose tem um diagnóstico difícil. A forma mais comum é pela sorologia – procurando a reação do organismo à presença do agente – e a citologia, que rastreia o próprio parasita.
É fundamental buscar ajuda de um médico-veterinário habilitado.
Sinais clínicos em humanos:
A doença acomete vários órgãos, principalmente fígado, baço e medula óssea, com sintomas semelhantes a outras enfermidades. É importante procurar ajuda médica no início dos sintomas. Alguns dos principais sintomas são:
Inchaço do abdômen;
Anemia;
Palidez da pele;
Indisposição;
Febre;
Emagrecimento.
Diagnóstico e Tratamento
As pessoas ou cães suspeitos deverão ser encaminhados à uma Unidade de Saúde Pública para realização de exames laboratoriais. O Sistema Único de Saúde (SUS) dispõe de exames gratuitos para humanos e cães em caso de suspeita.Por ser uma doença grave, o diagnóstico deverá ser feito o mais rápido possível para o início do tratamento.
No SUS, o tratamento é disponível apenas para humanos. Cães com diagnóstico positivo podem ser tratados na rede veterinária particular.
Não existe cura parasitológica para os cães. O acompanhamento veterinário deverá ser realizado durante toda a vida do animal e o tratamento reduzirá a carga parasitária e o potencial de infecção para os flebotomíneos.
Não deixe de procurar um médico-veterinário do SUS para se informar sobre os serviços oferecidos pela rede pública.
Prevenção
O Brasil ainda é um dos 6 países com mais diagnósticos de leishmaniose visceral a cada ano. Além disso, cerca de 90% dos casos da Leishmaniose Visceral Canina na América Latina também acontecem no Brasil.
Existe vacina para a leishmaniose. O antídoto deve ser tomado em 3 doses com intervalo de 21 dias. O reforço anual deve ser feito a partir da data da primeira imunização.
Especialistas alertam, no entanto, para a necessidade de controlar o mosquito e a transmissão do protozoário – com a higiene dos ambientes e uso de repelentes nos animais.
Confira algumas medidas para evitar a doença em cães:
Uso de coleira repelente (deltametrina 4%)
Evitar locais com aglomerações caninas.
Confira medidas para controlar e reduzir a quantidade de insetos vetores (flebotomíneos ou mosquito-palha):
Manter a limpeza de quintais, terrenos e praças;
Não deixar lixo acumulado e acondicioná-los corretamente;
Recolher folhas, fezes de animais, madeiras e restos de alimentos;
Evitar criação de porcos e galinhas em área urbana.
Confira algumas medidas para evitar a doença em humanos:
Evitar áreas de mata;
Utilizar repelente em regiões com transmissão confirmada;
Optar por usar mangas compridas, calças e sapatos fechados;
Não se expor nos horários de atividade do vetor (crepúsculo e noite).
Notificação
O CRMV-GO alerta que a Leishmaniose Visceral é uma doença de notificação obrigatória.
Por isso, em caso de suspeita da doença em humanos ou cães, entre em contato com uma Unidade de Saúde Pública para que o caso seja conduzido e acompanhado adequadamente.
Em Goiás:
Superintendência de Vigilância em Saúde
Coordenação Estadual de Zoonoses
(62) 3201-2683
zoonoses.go.gov@gmail.com